Hila Weissberg
Uma pesquisa feita com mulheres trabalhadoras revelou que 54% destas mulheres mudaram seus hábitos de trabalho depois do nascimento do bebê enquanto que apenas 12% dos homens disseram que isto os afetou. A pesquisa, que foi encomendada pelo grupo de mulheres jovens de NA’AMAT, Movimento de Mulheres Trabalhadoras e Voluntárias, e divulgada nesta semana, verificou que entre as mulheres que modificaram seu esquema de trabalho devido ao nascimento de um filho, 18% o fizeram antes do nascimento, 11% deixaram de trabalhar temporariamente e 7% deixaram de trabalhar definitivamente; 7% das mulheres, após o parto, mudaram para um emprego mais adequado para elas como mães e outros 6% fizeram a mudança antes do nascimento do filho. De acordo com Orly Bitty, que criou o programa de desenvolvimento de lideranças no grupo de mulheres jovens de NA’AMAT, a pesquisa revela que a igualdade entre os sexos ainda está difícil de alcançar. “Embora muitas mulheres tenham saído para trabalhar fora do lar, na prática, nós ainda estamos longe da igualdade. As mulheres ainda são as principais cuidadoras, tanto em relação à casa como aos filhos”, disse ela. A pesquisa, que foi realizada pelo Instituto Sarid de Pesquisas, com 500 entrevistas, examinou a divisão de responsabilidade entre os pais no que se refere ao trabalho no lar, e 52% das mulheres disseram que elas fazem a maior parte do trabalho doméstico. Outros 44% disseram que as tarefas domésticas são divididas igualmente com os maridos. O fator mais importante no modo como as tarefas domésticas são divididas é o nível de educação das mulheres. As mulheres com educação de nível universitário são as que apresentam a maior probabilidade de ter um marido que assume responsabilidades. Mulheres como principais cuidadoras No tema referente ao cuidado dos filhos, 54% das mulheres disseram que elas são as principais cuidadoras e 41% disseram que os deveres são igualmente divididos com o marido. Apenas 2% relatou que o marido é quem tem a responsabilidade maior no cuidado dos filhos. Esta diferença na distribuição das tarefas domésticas está relacionada com o grau de educação, sendo os casais com maior renda os que mais partilham os deveres. Mais da metade das mulheres, 56%, reconheceu ter um sentimento de fracasso na tentativa de conciliar as exigências do lar com o trabalho fora, e 23% disseram que tinham sacrificado a carreira profissional pelo bem da sua família. Entre as mulheres, 12% revelou que sentia ter sacrificado as necessidades de sua família em função do trabalho; 21% disse que a vida conjugal não correspondeu às expectativas, mas que elas tinham encontrado a realização profissional. Por outro lado, 44% disse ter sucesso no equilíbrio das demandas do lar e do trabalho. Mulheres religiosas são as mais satisfeitas As mulheres religiosas e as ultraortodoxas expressaram maior satisfação no trabalho que as laicas, sendo que 63% das mulheres observantes disseram estar satisfeitas com o trabalho, contra 52% das mulheres laicas e 51% das que se consideram tradicionais. Quanto mais educadas, maior o nível de satisfação profissional; 64% das mulheres com educação superior disseram estar satisfeitas com suas carreiras, contra 53% das mulheres com nível de ensino médio e 29% das que nunca concluíram o ensino médio. Orly Bitty disse que não é surpreendente a educação e a renda serem os fatores mais importantes para a divisão do trabalho doméstico e do cuidado com as crianças. “Os pais que podem ficar livres de muitas tarefas, pagando para que outras pessoas as executem, dividem os deveres com mais igualdade. Mas entre os outros segmentos da população, na estrutura da sociedade em que os papéis tradicionais de gênero e a política pública encorajam as mulheres a serem apenas mães e os pais a serem os principais provedores, todo mundo perde. As mulheres não conseguem alcançar a igualdade no trabalho enquanto que os homens não podem ser pais atuantes”, disse ela. Bitty e suas colegas estão pleiteando uma mudança da política pública para quebrar estes padrões. Fonte: Artigo publicado no jornal Haaretz em 23-10-2012 Tradução: Adelina Naiditch]]>