Discurso de Dan Dicker ao assumir o cargo de secretário geral do Congresso Judaico Mundial

Discurso de Dan Dicker ao assumir o cargo de secretário geral do Congresso Judaico Mundial

24/06/2011 Presidente Ronald Lauder, distintos membros da Diretoria: Muito obrigado por vossa liderança, obrigado por vossa amizade, obrigado pelo voto de confiança. Este é um momento decisivo para a confiança, tanto para o mundo judaico como para a família que é o Congresso Judaico Mundial. Nós somos uma família judaica globalizada, unida por uma história comum, um destino comum, uma missão comum. Hoje temos aqui membros de cerca de cem comunidades de todo o mundo. Desde os sombrios dias de 1936 nós estivemos lado a lado e, juntos, vencemos grandes adversidades. Juntos, unidos pelo nosso inabalável compromisso com os valores e ideais judaicos, nós apresentamos ao mundo um elevado padrão de responsabilidade e confiança. Este é também um momento muito significativo para mim. Ele representa o ponto alto de uma jornada pessoal. Ele marca o início da expressão pública de um caso de amor transformador com o Judaísmo, Israel e os assuntos judaicos, uma transformação que começou na minha juventude. Deixem-me partilhar um pequeno segredo com vocês. Quando eu era um menino de sete anos em Nova York, meus pais diagnosticaram corretamente que eu sofria de uma doença que os médicos judeus chamam de deficiência de “idishkait”. Como eram pais preocupados e amorosos, eles contrataram uma professora particular. Ela me perguntou: “Você sabe o que é a Tora?” Eu disse: “Não”. “ Você sabe o que é o Shabat ? “ Eu disse “Não”. Assim sendo, ela, que era sábia, começou a abrir para mim o vasto baú de tesouros do Judaísmo. Ela me falou dos grandes heróis judeus: o rei Salomão, o rei David, Jeremias e Isaias. No final da primeira lição a professora, muito otimista, fez um pequeno teste. Ela perguntou: Agora você pode me dizer o que é um profeta?” Sem a menor hesitação eu disse: É claro que eu posso, um profeta é quando você compra alguma coisa por cinco dólares e a revende por dez”.(1) Agora, quarenta anos mais tarde, eu posso dizer-lhes que sei qual é o lucro verdadeiro. O lucro verdadeiro está em apreciar a profundidade e a força do povo judeu. O lucro verdadeiro pode ser encontrado na glória do nosso passado, no milagre do nosso presente e na promessa do nosso futuro. E hoje, mais uma vez juntos, estamos todos prontos para vencer enormes desafios a fim de garantir aquele futuro e cumprir aquela promessa. Infelizmente, hoje, nós enfrentamos um renascimento do tradicional ódio aos judeus em várias partes do mundo. Ao mesmo tempo, nós enfrentamos um novo e virulento tipo de antissemitismo, um sub-produto da “aliança vermelho-verde” que tem como alvo o Estado de Israel e que ao mesmo tempo demoniza os judeus em toda a parte como extensões vis do Estado Judeu. Presidente Lauder e colegas da Diretoria: Nesta sala, todos são testemunhas dos fatos vertiginosos que se desenrolam nesta parte do mundo. Nós vemos, com um senso de urgência, esperança e agitação, milhões dos nossos vizinhos árabes erguerem-se contra governos despóticos e dirigentes tirânicos – da Tunísia até a Síria, do Iêmen até a Líbia. Eles exigem direitos humanos, direitos políticos e liberdade. O mundo chama isto de Primavera Árabe. Nós não sabemos se a Primavera Árabe vai florescer com o calor do verão ou se vai despencar com o frio do inverno. Mas o que sabemos com certeza é isto: Uma outra espetacular revolução em prol da liberdade aconteceu há mais de três mil anos. E, adivinhem: nós celebramos aquela revolução em todas as primaveras, ano após ano. Nós poderíamos até chamá-la de Primavera Judaica. Ela aconteceu quando um líder judeu chamado Moshe exigiu de um tirano egípcio a liberdade para o seu povo. Aquela foi a primeira vez em que um povo ergueu-se e exigiu o direito de liberdade. Foi um momento decisivo da história quando um povo exigiu tornar-se uma nação livre, procurando justiça e autodeterminação. A experiência judaica tornou-se o ideal definitivo de liberdade no mundo. O confronto entre um déspota egípcio e um líder hebraico mais de três milênios atrás deu origem a noções de direitos humanos, direitos civis e direitos iguais que moldaram o mundo livre de hoje. Este ideal judaico serviu de base também para as revoluções francesa e americana e o nascimento da Democracia Liberal. Foi este ideal que inspirou o Dr. Martin Luther King Jr. – um grande amigo dos judeus e do Estado Judeu – quando declarou , em 3 de abril de 1968, numa igreja de Memphis, Tennessee: “Eu estive no topo da montanha e eu quero que, nesta noite, vocês aqui presentes saibam que nós, como um povo, alcançaremos a Terra Prometida”. O que o Dr. King fez foi abraçar a essência da Primavera Judaica: liberdade, direitos humanos e igualdade perante Deus. Ele fez eco às palavras de Moshe exigindo que estes valores se tornassem uma realidade para os destituídos em todo o mundo. Mas deixem que nós, o povo judeu, o povo que escreveu o primeiro manifesto pelos direitos humanos, que inspirou tantas revoluções, que foi o primeiro a exigir liberdade coletiva e autodeterminação, seguido por bilhões de pessoas em todo o mundo – que nós possamos celebrar a universalidade dos direitos humanos, deixem-nos lembrar sempre nossos próprios direitos judaicos. Não é uma idéia surpreendente? Até os judeus têm Direitos Humanos! Por que é tão importante lutar pelos direitos judaicos? Porque enquanto o mundo adere cada vez mais à linguagem e à agenda dos direitos humanos universais, ironicamente, o ataque político global contra nossos direitos judaicos se intensifica. A ironia dupla é que o Estado Judeu é o único estado no mundo cujos direitos à soberania foram afirmados duas vezes no século passado, primeiro pela Liga das Nações e, depois, pelas Nações Unidas. A Liga das Nações reconheceu unanimemente nosso direito a: “reconstituir seu lar nacional naquele país”. Em outras palavras, eles também reconheceram formalmente nosso direito natural e histórico à LIBERDADE E AUTODETERMINAÇÃO NACIONAL na Terra de Israel. Mas hoje, esta noção de autodeterminação nacional judaica sofre ataques em nome dos direitos humanos! O estratagema palestino de obter o reconhecimento internacional para a declaração unilateral do estado palestino é a última ofensiva na legitimidade do direito do povo judeu à autodeterminação com paz e segurança. Nossos direitos judaicos estão sendo corroídos e O CONGRESSO JUDAICO MUNDIAL CONDUZIRÁ A CAMPANHA PARA RECONQUISTÁ-LOS. Nahum Goldman fundou o Congresso Judaico Mundial em 1936 porque percebeu que o mundo tinha omitido os direitos judaicos de que falamos hoje. E nós sabemos como esta omissão dos nossos direitos levou a uma tragédia incomensurável. Assim, fiquemos todos juntos na defesa dos direitos humanos…direitos civis… …direitos iguais…direitos judaicos. A noção de direitos judaicos vai além da nação-estado judaica e estende-se a todas as comunidades no mundo. Os judeus têm o direito de viver em liberdade, democracia, segurança e igualdade onde estiverem. Tragicamente, o ataque contra o Estado Judeu intensificou o comportamento antissemita em todo o mundo. Agora, em 2011, estamos enfrentando este desafio. Agora, mais uma vez, vamos lutar para que o mundo mantenha os padrões de direitos humanos e valores que omitiu durante a Shoá e mesmo depois. Vamos lembrar ao mundo estes valores e princípios que o Congresso Judaico Mundial ajudou a proteger em toda a sua história. A praga do sentimento anti-Israel é apenas uma nova e politicamente correta forma de antissemitismo. Assim, ao defender os direitos nacionais judaicos em Israel, estaremos também defendendo os direitos dos judeus em todo o mundo de viver em liberdade, segurança e igualdade. Estes são os nossos direitos judaicos. O Congresso Judaico Mundial tem sido o campeão na luta pelos direitos judaicos tanto no caso das restituições do Holocausto com os bancos suíços quanto na exposição da verdadeira identidade de Kurt Waldheim e no apoio aos dissidentes soviéticos na sua luta pela liberdade. Ao lembrarmos a revolta corajosa do povo judeu contra a tirania mais de três mil anos atrás, nossa própria Primavera Judaica, nós aqui em Jerusalém – a eterna capital do povo judeu – reafirmamos mais uma vez, para nós e para o mundo, nosso compromisso com Tikun Olam através da implementação destes ideais judaicos. Vamos exigir que o mundo confirme estes mesmos direitos, ideais e princípios que começaram com os israelitas no Egito, que foram santificados no Monte Sinai, que nos trouxeram até aqui, em Jerusalém, que moldaram o mundo moderno e devem – pelo bem da humanidade como um todo – continuar a moldar nosso mundo neste século XXI O Congresso Judaico Mundial manterá acesa esta chama. Direitos humanos… …direitos civis … direitos iguais … direitos judaicos … esta é a nossa eterna Primavera Judaica. Obrigado. (1) N.T.: profeta – prophet em inglês tem a mesma pronúncia que profit – lucro. Fonte – World Jewish Congress Tradução – Adelina Naiditch  ]]>

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