A congressista Debbie Wasserman Schultz fez este discurso por vídeo durante a 41ª Convenção Nacional da NA’AMAT USA e foi aplaudida com muito entusiasmo pelas chaverot presentes.
TENHO ORGULHO DE APOIAR VOCÊS Debbie Wasserman Schultz
O trabalho executado por NA’AMAT para melhorar a vida de mulheres, crianças e famílias no estado judeu é notável e eu tenho orgulho de apoiar vocês nos esforços para alcançar o progresso do status da mulher em todo o mundo. As mulheres judias da América e de Israel constituem uma fraternidade inegável. Embora estejamos separadas por muitas milhas de distância e por oceanos, nós estamos unidas na nossa luta pela igualdade das mulheres, pela representação política plena, pela paridade e pela justiça econômica. Tanto as mulheres americanas como as israelenses ganham menos que os homens e, em sua maioria, exercem trabalhos mal remunerados. As mulheres americanas ganham apenas 77 centavos para cada dólar que os homens recebem, uma diferença que, considerando um período de 40 anos numa carreira profissional, priva as mulheres de quase meio milhão de dólares em salários perdidos durante sua vida ativa. A diferença entre homens e mulheres em Israel é ainda maior, as mulheres recebem salários 35% menores que os dos homens. São rendimentos perdidos que uma mulher poderia utilizar para melhorar sua educação ou investir na compra de uma casa, cuidar de pais idosos ou alimentar seus filhos. Além do stress financeiro provocado pela desigualdade de salários vemos que tanto as mulheres americanas como as israelenses constituem a maioria dos trabalhadores que recebem salário mínimo; 67% dos trabalhadores que recebem salário mínimo na América e 70% em Israel são mulheres. A feminização da pobreza é um fenômeno global e tira muitas oportunidades das mulheres judias e de todas as mulheres no mundo. A justiça econômica deve ser uma parte crucial da nossa luta comum pela igualdade das mulheres porque sem ela as mulheres judias não terão a segurança necessária para alcançar outros objetivos. Se você trabalha em dois ou três empregos para conseguir um rendimento que lhe garanta apenas o suficiente para sobreviver, quando você terá tempo para dedicar aos seus filhos? Se você não tem certeza de ter o suficiente para a próxima refeição, como você pode pensar em completar a sua educação? O progresso lento em direção à igualdade econômica pode ser devido em parte ao fato de as mulheres não terem uma representação política plena tanto na América como em Israel. As mulheres têm apenas 19% das cadeiras no Congresso dos Estados Unidos. Na Knesset encontramos a mesma porcentagem – apenas 19%. As mulheres estão presentes em apenas 10% dos ministérios israelenses e nos Estados Unidos ainda não se elegeu uma mulher para a presidência. Uma perspectiva importante é perdida na tentativa de enfrentar os desafios mais prementes de uma nação quando as mulheres estão ausentes ou têm apenas uma voz muito fraca na mesa de negociações. A paridade entre os gêneros em todas as instituições governamentais é um fundamento necessário para a igualdade. Como irmãs, nós sabemos que nossas filhas merecem governos dedicados a trabalhar pelas mulheres porque elas desempenham um papel essencial na sociedade! Ao analisar nossos desafios comuns, devemos lembrar que nossa luta é global. A força dos nossos dois países e o compromisso que temos com a nossa fé nos fazem lembrar que temos uma obrigação para com nossa irmandade global. O maior obstáculo para o progresso global são as barreiras contra o progresso da educação das mulheres e jovens. Mulheres ativistas, como a corajosa Mukhtar Mai do Paquistão, recebem ameaças de morte frequentes por sua luta pela educação de meninas e jovens. O desenvolvimento das mentes femininas constitui-se num tremendo recurso potencial ainda não explorado em numerosos países. Como mãe de duas jovens eu sei que nada pode ser mais poderoso do que uma jovem apoiada em uma boa educação. A todas as filhas, em todo o mundo, deve ser oferecida a oportunidade de progredir na sala de aula. Globalmente, existem ameaças não apenas contra o desenvolvimento das mentes femininas, mas também contra a sua segurança física. Atualmente o espectro da violência contra as mulheres surge ameaçador. Milhares de mulheres em países dominados por guerras, tais como o Sudão, a República do Congo e Uganda, não podem movimentar-se livremente de um lugar para outro pelo temor de serem estupradas – um temor criado e exacerbado por soldados que, desgraçadamente, fazem do ataque ao corpo das mulheres uma arma de guerra. Nós sabemos que no curso da sua vida, uma entre três mulheres sofrerá abusos. Atualmente, isso significa um bilhão de mulheres – um bilhão de nossas irmãs. Esse abuso pode manifestar-se de maneiras terríveis, como o tráfico humano e a escravidão sexual forçada. Isso é inaceitável e são estatísticas como essas que nos fazem continuar na luta em prol das mulheres em toda a parte. O presidente Obama disse: “Promover a igualdade de gêneros e o progresso do status das mulheres em todo o mundo permanece como um dos maiores desafios do nosso tempo e é vital para alcançarmos nossos objetivos de política externa global”. Nós acreditamos que todos aqueles que entendem que a luta para alcançar a liberdade continua em nossos dias apoiarão esses objetivos. Nós precisamos compreender que a violência praticada contra qualquer mulher em qualquer parte do mundo, atinge todas as mulheres em toda a parte. A dor delas é a nossa dor, a luta delas é a nossa luta porque nós, como mulheres judias, sabemos que o sofrimento de uma pessoa merece a atenção e a compaixão de todas nós. Através do trabalho que vocês fazem para NA’AMAT vocês mostram que compreendem isso. A presença global de vocês, em onze diferentes países, cria um movimento mundial de mulheres judias. As iniciativas domésticas de NA’AMAT estão transformando Israel no país que nós sabemos que ele pode ser. Graças aos abrigos, aos programas de habitação e às campanhas públicas de esclarecimentos, as mulheres de Israel têm a oportunidade de vencer a violência e não perder a esperança de encontrar novas possibilidades para o seu futuro. O trabalho de vocês é crucial para o bem-estar das mulheres israelenses – seja pressionando os empregadores em comunidades locais para obter pagamentos iguais ou encorajando uma legislação nacional que proporcione justiça econômica. As prioridades de vocês são as minhas prioridades também. Nossas tradições e nossa história nos levam a retribuir o que recebemos da sociedade, fazer do mundo um lugar melhor e garantir liberdade para todos. Atualmente, em todo o mundo, as mulheres têm mais acesso à educação, mais dinheiro em seus bolsos e mais mulheres são eleitas para cargos oficiais. Este fato é inspirador e estimulante, mas não significa que nosso trabalho já terminou. Nós devemos considerar também para onde estamos indo, o que faremos a seguir e como podemos continuar ajudando as mulheres em todo o mundo. Ajudar as outras mulheres foi o que me levou a votar pela reautorização do Ato da Violência contra as Mulheres, que ajuda a proporcionar os recursos necessários e o apoio a todas as vítimas da violência doméstica, sem distinção de religião, etnia ou orientação sexual. Eu tenho orgulho também de ter me manifestado pelas mulheres e votado contra alguns dos terríveis projetos de que vocês já ouviram falar, como o do congressista Trent Frank que proíbe o aborto na 20ª semana de gravidez o que viria a limitar a possibilidade das mulheres de tomar decisões sobre sua própria saúde. Como mãe, quando penso no tipo de mundo que quero para minhas filhas, eu sei que é aquele em que seus direitos serão respeitados e seus valores reconhecidos, o que significa ter acesso à educação sexual ampla, contracepção disponível e serviços reprodutivos legais e seguros. Leis que venham a permitir ao governo dos Estados Unidos interferir nas decisões pessoais sobre os cuidados de saúde não contribuem para criar um mundo melhor para as futuras gerações de mulheres. Essas leis prejudicam o futuro delas, destruindo sua independência e abalando sua saúde. Eu sou grata à NA’AMAT por seu trabalho, ajudando a preservar a saúde reprodutiva de mulheres e jovens, fortalecendo as famílias e as comunidades do nosso país. Para alcançar a verdadeira igualdade para as mulheres nós devemos nos unir para trabalhar incansavelmente onde pudermos para apoiar a saúde, a educação, a participação política e a capacitação das mulheres. Não devemos esquecer jamais que uma mulher não é um ser isolado, mas sim parte de uma rede de mulheres, uma irmandade de força. Muito obrigada pelo trabalho que vocês fazem todos os dias. Am Israel Chai!
Tradução: Adelina Naiditch Fonte: Revista Na’amat Woman – USA edição winter 2013/2014]]>