Para traçar o perfil de Inbal Arieli você deveria incluir as palavras “autoconfiante”, “inteligente” e “vitoriosa”, mas o retrato estaria incompleto sem o termo “chutzpah” para descrever essa mulher de negócios israelense, mãe, blogueira, e agora, autora do livro “Chutzpah: Por que Israel é um núcleo de inovação e empreendedorismo”.
Chutzpah é um termo difícil de traduzir. Poderia significar que uma pessoa com chutzpah tem audácia, coragem, atitude. . . ou atrevimento. Arieli diz que é “uma abordagem determinada da vida”. Talvez isso seja um tanto rude, mas traz resultados.
A chutzpah israelense é o que empodera as crianças a desafiarem seus professores e, mais tarde, estimula a busca de ideias impossíveis que podem resultar em fracasso ou então em um prêmio Nobel.
Arieli diz que chutzpah é o tempero essencial do molho secreto da cultura de inovação de Israel porque estimula as habilidades empreendedoras desde a mais tenra idade. O livro dela propõe estruturas, conceitos e princípios que podem ser usados por pais, executivos, inovadores e legisladores em toda a parte para seguir o exemplo de Israel.
“O meu livro apresenta características ou habilidades que podem ser treinadas. Todos nós temos a mesma anatomia e a questão é quais músculos você vai treinar mais. Os israelenses treinam músculos específicos, mas outros podem fazer o mesmo”. Aqueles “músculos” têm nomes israelenses que, como chutzpah, são difíceis de traduzir.
Arieli os explica no seu livro ao criar o Dicionário da Chutzpah, uma série de posts de mídia social criados pelo estúdio One Group de Tel Aviv para introduzir conceitos como firgun e balagan (bagunça, caos).
O que significa crescer em israel
A ideia para o livro se originou no trabalho dela como comentarista sobre as startups, apresentado no simpósio Nacional da AIPAC na Califórniia em 2013.
Quando entrevistada sobre o que ela considera tão essencial no ecossistema high tech israelense ela disse que a maioria das pessoas acredita que o seu sucesso deriva do serviço militar quase universal que deve se iniciar aos 18 anos de idade.
O serviço militar desempenha um papel significativo ao tornar os adolescentes israelenses em tomadores de decisões, pensadores criativos que assumem riscos, reconhece Arieli, que foi tenente da unidade de inteligência de elite 8200 EISP (Programa de apoio ao empreendedorismo e inovação).
Mas ela queria que o público entendesse que o processo começa muito antes de um adolescente israelense vestir o uniforme das Forças de Defesa de Israel.
“Por isso eu mostrei fotos dos meus próprios filhos e compartilhei casos do que significa crescer em Israel. Acontece muita coisa antes do serviço militar”.
Muitas pessoas no Simpósio ficaram intrigadas e perguntaram onde poderiam ler sobre a infância em Israel.
“Para a primeira pessoa eu disse ”eu não sei”. Para a segunda pessoa eu disse “vamos tomar um café”. Para a quinta pessoa eu disse “você vai ter que esperar porque estou escrevendo um livro sobre isso”. Foi nesse momento que eu decidi que deveria escrever”.
“Eu percebi que é muito difícil para os estrangeiros compreenderem a experiência militar israelense. Mas quando você começa a falar sobre como treinar os jovens para estimular as habilidades empreendedoras, eles vêem que isso pode ser relevante para eles”.
Ela começou a compartilhar essas ideias no seu blog e em artigos para o site Israel 21c, começando com “Porque acender fogueiras pode ser a centelha secreta da inovação israelense”, em maio de 2015.
Um novo enfoque sobre Israel
Pessoas comuns encaminham seu primeiro projeto de livro procurando um agente que consiga vender o conceito para editores. Mas não é isso que uma mulher com chutzpah faz.
Em vez disso, ela usou seus artigos para validar suas ideias (exatamente como faria com uma startup) e determinar quais tópicos mais despertam o interesse dos leitores.
“Ao ver a reação dos leitores do site a alguns dos artigos que escrevi eu fortaleci minha crença de que este era um tópico de interesse e que diferentes tipos de pessoas queriam saber mais sobre o assunto”.
“Pais eram um público óbvio, mas, na realidade, me ajudaram a ver que empreendedores e líderes empresariais ao ler sobre a infância em Israel entendiam como eu me relacionava com eles. Esse era um novo aspecto de Israel que muitas pessoas desconheciam”.
Depois de escolher os tópicos para incluir no seu livro, Arieli analisou os estudos acadêmicos na cultura israelense e também pesquisou os recursos do Forum Econômico Mundial e, especialmente, da Central da Nação Startup, onde ela havia atuado como conselheira sênior.
Ela também entrevistou os principais empreendedores israelenses para saber sobre a infância deles. ”Foi muito interessante saber o que os ajudou a se tornarem o que são hoje”.
Ela então escreveu todo o manuscrito. Foi só depois disso que ela entrou em contato com um agente que a levou para encontros com cinco dos principais editores de Nova York.
A partir de hoje, 20 de agosto, Chutzpah está no mercado, editado pela Harper Collins Business. Em seguida ela inicia uma turnê de divulgação do livro. Ela estará dividindo seu tempo entre a turnê e o seu trabalho de coCEO da Sintesis, empresa de desenvolvimento e assessoria de liderança que treina dirigentes corporativos com uma metodologia única que junta psicologia narrativa com tecnologia das Forças de Defesa de Israel.
Ela e a coCEO Shirley Shlatka incutiram em seu negócio americano os princípios de orientação israelense de dugri e tachles que podem ser livremente traduzidos como”diretamente ao ponto”.
Sim, você encontra esses dois termos ilustrados em Chutzpah.
Por Abigail Klein Leichman
Artigo do site israel21c.org de 20-8-2019.
Tradução Adelina Naiditch
