A escolha entre dois males: a OLP na Unesco e a crise em Gaza

A escolha entre dois males: a OLP na Unesco e a crise em Gaza

Por um lado, seu território foi bombardeado por mísseis lançados em Gaza e, por outro, a OLP foi admitida na UNESCO como membro permanente da organização. Estes fatos ilustram os desafios que Israel enfrenta em relação ao Hamas e ao Fatah, Gaza e Ramala, e as escolhas e decisões que deve tomar. Enquanto Gaza apresenta um desafio militar e de segurança para Israel, o governo em Ramala desafia a própria legitimidade e identidade de Israel. Logo após o voto na UNESCO, a OLP anunciou seus planos de questionar a conexão de Israel com a Terra Santa em Jerusalém, na Judéia e Samária (Cisjordânia) e em todo o território de Israel. Ela anunciou também seus planos de mover uma ação legal contra Israel por “roubo de identidade” do caráter árabe da Palestina, judaizando o legado árabe de Jerusalém, e por roubo de antiguidades. A OLP também pretende encarregar a UNESCO da missão de reconstruir o genuíno caráter árabe do país, alegadamente distorcido por Israel. Alguns analistas dizem que, na realidade, Israel prefere tratar com o Hamas em vez do Fatah já que não se confronta diretamente com o Hamas em Gaza, mas com o seu rival – a Jihad Islâmica. Além disto, o Hamas, através do Egito, está cooperando com Israel, acalmando as tensões e suspendendo os ataques de mísseis, em contraste com o Fatah, que se confronta diretamente com Israel na UNESCO e em outros órgãos internacionais. Surpreendentemente, a Jordânia, vizinha de Israel, também prefere o Hamas ao governo de Ramala. O novo primeiro-ministro da Jordânia, Awn al- Kerassawneh, declarou que foi um erro fechar o escritório do Hamas em Amã em 1999. Informou- se também que uma visita de Khaled Mashal ao palácio real seria bem-vinda pelo rei Abdala em um futuro próximo. Assim, o sucesso da OLP na UNESCO foi obscurecido pela comunicação do Hamas com Israel, via Egito, e a assustadora possibilidade do retorno do seu escritório a Amã. A Jordânia foi prejudicada pela entrada da OLP na UNESCO porque até então a Jordânia representava Jerusalém na organização. Agora, os palestinos querem que a Jordânia se retire e abandone a custódia da mesquita de Al-Aqsa. Este assunto preocupa Amã a ponto de torná-la mais simpática à melhora das relações com o Hamas como uma forma de retribuição à OLP. Por seu lado, o líder da OLP, Mahmoud Abbas, ainda planeja sua aposentadoria. Abbas tentou um encontro com Khaled Mashal para coordenar as eleições antecipadas visando o fim do seu mandato, mas até o momento não conseguiu. Para o Hamas, eleições não são prioridade, nem esta organização confia no Fatah para conduzir eleições imparciais na Cisjordânia, afirmando que o Conselho Legislativo Palestino pode continuar no poder por mais dez anos sem uma eleição, como é o caso com o Fatah. Além disto, o Hamas exige o fim do governo de Fayyad e que as forças Dayton, treinadas por norte-americanos, sejam dispersas. No entanto, ao contrário da OLP, o Hamas é contra a dissolução da Autoridade Palestina porque ela proporciona legitimidade e poder a uma organização que, de outro modo, seria considerada apenas uma milícia. O Hamas enfrenta os seus próprios desafios em Gaza. Ao mesmo tempo em que tenta melhorar seu status como uma força regional, ele é ameaçado por problemas internos causados pela Jihad Islâmica, apoiada pelo Irã e insatisfeita com o acordo Shalit. É notório que o comandante das Brigadas Qassam, o braço armado do Hamas, Ahmad Jaabari saiu do seu esconderijo e circula livremente em Gaza, sem medo de se tornar um alvo para Israel. Os Comitês de Resistência Palestina e o Fatah acreditam que este novo fato é uma conseqüência direta do acordo Shalit que deu ao Hamas uma nova oportunidade de afastar-se da política de “resistência” em Gaza. A escolha entre assumir a condução de um governo ou seguir com uma política de resistência é o teste real que o Hamas enfrenta – não apenas em relação a Israel como também em suas relações com a Jordânia e o Egito. O tempo dirá se o Hamas é capaz de dirigir um governo do mesmo modo como é capaz de conduzir a resistência. Artigo publicado no WJC – World Jewish Congress em 07 de novembro de 2011 Tradução: Adelina Naiditch]]>

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