Por Daniela Kresch
Jornalista
direto de Israel[/caption]
TEL AVIV. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher fui convidada para conhecer alguns projetos fantásticos da Na’amat – o maior movimento de mulheres de Israel. O primeiro foi o jardim de infância Na’amat Hashalom, em Jaffa, uma das únicas creches bilíngues do país onde crianças árabes e judias convivem na maior paz possível. O jardim de infância tem exatamente o mesmo número de crianças árabes e judias. Elas têm atividades em hebraico e em árabe – há duas professoras, uma judia e uma árabe – e aprendem sobre festas religiosas e nacionais tanto da cultura judaica quanto da árabe (muçulmana ou cristã). Em suma, as crianças aprendem a conhecer e aceitar “o outro”. A conviver desde cedo com gente “diferente”, que no final das contas se torna “igual”.
— Se os adultos deixassem que crianças negociassem acordos de paz, já haveria paz há muito tempo no Oriente Médio – disse a diretora do Departamento Internacional da Na’amat, Shirli Shavit.
A diretora do jardim de infância, Diana Habash, afirmou que há uma fila de espera de 20 alunos, o que demonstra que muita gente, em Israel, acredita no conceito. Alguns pais foram educados no lugar, que completou 30 anos, e querem dar a mesma experiência de aceitação aos filhos.– Deveria haver mais creches como essa em Israel. Isso ajudaria os israelenses a entenderem e respeitarem as diferenças – disse Diana.
Shirli Shavit explicou como a Na’amat ajuda 40 mil famílias em Israel com atividades e serviços sociais e promove o status de mulheres na sociedade israelense. A instituição é responsável por creches com 17 mil crianças e escolas tecnológicas com 3.500 alunos. A Na’amat também dirige duas vilas juvenis com 600 crianças, espécies de internatos no campo. Fora isso, a instituição dá ajuda legal a 8 mil mulheres. Mas a organização não se limita a Israel. Atua em mais nove países, incluindo Brasil, Uruguai, Peru, Canadá, Estados Unidos, México, Argentina, Bélgica e Austrália.
Depois de visitar a creche bilíngue, foi a vez de conhecer o Centro Glickman de Prevenção e Tratamento de Violência Doméstica, em Tel Aviv, outro projeto impressionante. Trata-se do único abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica em Tel Aviv (no total, em Israel, há 14 abrigos). O centro se divide em duas partes: a clínica aberta, onde vítimas podem ser tratadas 24 horas por dia, e o abrigo fechado, onde mulheres e seus filhos que fogem de maridos violentos podem morar por seis meses.– As mulheres chegam aqui por falta de opção – explica a diretora, Ruth Ozeri. – Elas vêm de todos as camadas sociais e etnias. São judias, árabes, drusas, russas, etíopes, imigrantes ilegais, estrangeiras… A violência doméstica está em todos os lugares. As vítimas procuram um lugar onde possam começar a reconstruir suas vidas. Oferecemos ajuda legal e psicológica a elas. Também temos uma creche para as crianças mais novas. As mais velhas frequentam escolas próximas.Já houve três ou quatro incidentes de maridos que conseguiram descobrir o local, mas não chegaram a invadi-lo. Segundo Ozeri, os maridos temem que dentro do local haja guarda-costas ou policias (o que não é o caso).
O dia de visitas me mostrou como a Na’amat desenvolve projetos de importância em prol das mulheres e das crianças em Israel – e pelo mundo. No Dia Internacional da Mulher, a instituição merece palmas.]]>