Abigail Klein Leichman
Quais são os genes que contêm a chave para a longevidade? Por que as pessoas de certas famílias têm vida longa? E as doenças relacionadas com a velhice, será que elas podem ser controladas se retardarmos o processo de envelhecimento? Por que as pessoas perdem massa muscular ao envelhecer e por que os fumantes a perdem com maior rapidez? Estas são algumas das questões que os biogerontologistas israelenses estão respondendo para um mundo onde a média de idosos está aumentando e espera-se que o número de pessoas com mais de 65 anos de idade dobre até 2040. A biologia do envelhecimento, um tópico atual no mundo, tem avançado muito graças às contribuições de Israel nos últimos 40 anos, começando com Amiela Globerson e David Danon, do Instituto Weizmann de Ciências e com o Dr. David Gershon, do Technion, Instituto de Tecnologia de Israel. Recentemente, cientistas proeminentes neste campo, tanto no país como no exterior, reuniram-se com colegas de todo o mundo na Universidade Ben Gurion do Negev para o oitavo Congresso Europeu de Gerontologia, realizado em Israel pela primeira vez. O papel dos cientistas israelenses nesta conferência é muito importante e as realizações deles nestes dois últimos anos são significativas. Na opinião de Ilia Stambler, um cientista da Universidade Ben Gurion especializado em história das pesquisas sobre o prolongamento da vida, sediar uma conferência deste nível demonstra confiança na ciência israelense nesta área. Genes da longevidade e Felicidade Dois dos principais pesquisadores na área da longevidade são os especialistas israelenses em endocrinologia Dr. Nir Barzilai e Dr. Gil Atzmon, da Escola de Medicina Albert Einstein de Nova York. O projeto pioneiro que eles realizam há 10 anos no Einstein, Projeto dos Genes da Longevidade, estudou 540 judeus asquenazitas saudáveis, entre os 95 e 112 anos de idade e seus filhos. O estudo tenta compreender a biologia humana e porque as pessoas não envelhecem da mesma maneira e porque um entre 10.000 indivíduos vive até os 100 anos. Eles descobriram que os centenários têm fatores genéticos protetores ( genes da longevidade ) que os ajudam a enfrentar todos os percalços – não importando qual o seu estilo de vida. Uma mulher era fumante; cerca da metade deles tinha sobrepeso e apenas 2,3% entre eles seguia uma dieta vegetariana. “Este é o caso de apenas um entre 10.000 indivíduos, nós ainda acreditamos que o meio ambiente desempenha um papel importante para a maioria das pessoas”, diz Barzilai, contrariando o monólogo de Jay Leno, que aproveitou o resultado deste projeto para divertir-se sugerindo que o segredo para uma vida longa é farrear mais. Na opinião de Atzmon, as pessoas costumam ter idéias definidas sobre o que as faz viver mais. “Se você perguntar a um japonês, ele dirá que é uma dieta de peixe e verduras. Se perguntar a um chinês, ele dirá que é o uso do chá verde e do ginseng; um francês dirá que é o vinho e os americanos dizem que é o exercício. Sessenta por cento dos nossos pacientes no Projeto dos Genes da Longevidade disseram que é ser feliz. Mas também não dá para descuidar do fator genético. Um grupo de estudantes que trabalhou com o professor Vadim Fraifeld no Laboratório de Biologia do Envelhecimento na Universidade Ben Gurion recebeu vários prêmios pelos estudos que mostram como os genes da longevidade atuam em rede. “Baseando-se nesta rede foi possível prever dezenas de outros genes da longevidade e estas previsões foram confirmadas pela experiência no laboratório de Gary Ruvkun na Escola de Medicina de Harvard”, diz Fraifeld, que dirigiu a comissão organizadora do congresso. A monitoração da atividade destes genes na idade avançada possibilitaria o combate às principais doenças da velhice. “Embora pareça um paradoxo, a maneira mais efetiva de retardar, ou mesmo evitar, as doenças relacionadas com a idade é viver mais”, diz Fraifeld. Agindo radicalmente sobre o envelhecimento Para a maioria das pessoas, no entanto, o envelhecimento aumenta o risco de doenças cardiovasculares, câncer, artrite, catarata, osteoporose, diabetes, hipertensão e mal de Alzheimer. Grande parte dos cientistas acredita que estas doenças fazem parte do processo “normal” de envelhecimento. “Você não pode fazer nada radical em relação às doenças relacionadas com a velhice sem fazer algo radical quanto ao envelhecimento”, diz Fraifeld. [caption id="attachment_10775" align="aligncenter" width="450"]
